segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Paul McCartney faz conexão histórica com 64 mil beatlemaníacos em SP
Poucos nomes na música têm tanto cuidado com suas canções quanto Paul McCartney. O preciosismo de manter a originalidade, os timbres e a alma de suas composições é a resposta de seu respeito à obra. Paul celebra a música e canta cada canção como uma vitória. Assim se viu na noite deste domingo (21) em São Paulo, num Estádio Morumbi lotado: ao final de cada execução, o ex-Beatle levantava os braços, seu baixo ou guitarra em um ato de triunfo. Para as 64 mil pessoas que estavam no local, era a glorificação de um vínculo sagrado.
O repertório do primeiro de dois shows em São Paulo foi semelhante ao apresentado em Buenos Aires no início deste mês, deixando de fora apenas "Ram On", sem uma substituta. McCartney abriu com a ligeira dobradinha de "Venus And Mars" e "Rock Show", ambas do disco "Venus and Mars" que o cantor lançou em 1975 com o Wings, emendada com "Jet", também da mesma banda. A abertura é a mesma que ele usou durante a "Wings Over The World Tour", em 1975 e 1976.
Em menos de dez minutos do início do show, o clássico de 1963 "All My Loving" já rasgava a noite no Morumbi como a primeira de uma série de obras-primas com as quais McCartney formou uma conexão histórica com o público em quase três horas de show. "Drive My Car", "And I Love Her", "Eleanor Rigby", "Blackbird", "Yesterday", "Ob-La-Di, Ob-La-Da", "Back in the U.S.S.R.", "Day Tripper" e a furiosa versão de "Helter Skelter" foram trilha sonora para revisar uma memória musical gloriosa do legado de uma das maiores bandas do mundo.
"É ótimo estar de volta ao Brasil, terra de música linda", disse McCartney em seu português ensaiado. O público, parte do show, respondeu a cada gesto e às mais simples manifestações do bem-humorado músico. Em coro, gritaram "we love you yeah yeah yeah", numa adaptação de "She Loves You", na qual McCartney apontou para a multidão e prontamente respondeu: "I love you yeah yeah yeah".
Aos 68 anos, McCartney diverte-se fazendo aquilo que sabe fazer. Brinca com a plateia, finge que está surdo com tanto barulho, puxa coros, arrisca dancinhas e sai correndo pelo palco (no encerramento do show, ele se distraiu, tropeçou e caiu no chão, mas levantou em seguida sinalizando um "ok"). Ele transita entre um instrumento e outro (do baixo para a guitarra para o piano para o bandolim para o ukulele), e a competente banda que o acompanha --Rusty Anderson (guitarra), Brian Ray (guitarra e baixo), Paul "Wix" Wickens (teclados) e Abe Laboriel Jr. (bateria)-- está ali para servi-lo, sem excessos nem virtuosismos gratuitos.
Eleger o melhor momento do show pode soar como ousadia num repertório tão apurado, mas uma das sequências que mais comoveu o público foi iniciada com a dobradinha "A Day in the Life" e "Give Peace a Chance", quando a plateia levantou balões brancos pelo estádio, surpreendendo McCartney. "Let It Be" veio em seguida emocionante como um hino para a transição explosiva de "Live and Let Die", emoldurada por fogos de artíficios. A série terminou com "Hey Jude" e um coro estendido de "na na na na".
Quem assistiu ou leu sobre o show de Paul em Porto Alegre vai reconhecer frases como: "Hoje vou tentar falar português, mas vou falar mais inglês", antes de levar o público em "Drive My Car". Ou quando ele dedica canções às pessoas que fizeram parte de sua vida. "Essa música eu escrevi para minha gatinha, mas hoje ela é de todos os namorados", disse ao introduzir "My Love". Em "Here Today", ele conta que escreveu para "meu amigo John" e pede aplausos. A frase é adaptada para George, ao tocar "Something" no ukulele e abrir os braços quando a foto do ex-companheiro de banda aparece no telão ao fundo do palco.
Quase tudo se repete de um show para outro nessa turnê. O que não se repete é a experiência de cada um em estar à frente de um dos maiores nomes da história da música. Há quem diga que 2010 terminou neste domingo na saída do Estádio Morumbi. Vale lembrar que o ex-Beatle volta a se apresentar nesta segunda-feira (22) no mesmo local, prolongando um dia a mais o ano destes que já decretaram o melhor show de 2010 no Brasil.
Veja o que Paul McCartney tocou em São Paulo:
"Venus and Mars / Rock Show"
"Jet"
"All My Loving"
"Letting Go"
"Drive My Car"
"Highway"
"Let Me Roll It / Foxy Lady (Jimi Hendrix cover)"
"The Long and Winding Road"
"Nineteen Hundred and Eighty-Five"
"Let 'Em In"
"My Love"
"I've Just Seen A Face"
"And I Love Her"
"Blackbird"
"Here Today"
"Dance Tonight"
"Mrs Vandebilt"
"Eleanor Rigby"
"Something"
"Sing the Changes"
"Band on the Run"
"Ob-La-Di, Ob-La-Da"
"Back in the U.S.S.R."
"I've Got a Feeling"
"Paperback Writer"
"A Day in the Life/Give Peace a Chance"
"Let It Be"
"Live and Let Die"
"Hey Jude"
bis
"Day Tripper"
"Lady Madonna"
"Get Back"
bis
"Yesterday"
"Helter Skelter"
"Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band/The End"
Fonte desta matéria: UOL
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