segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Em jogo de sete gols, Tricolor bate o Peixe, quebra tabu e sonha com G-3



Em jogo incrível e com emoção até o final, o Tricolor, com um homem a menos, conseguiu a vitória que o deixou seis pontos atrás do Corinthians

Um clássico épico, digno das grandezas de São Paulo e Santos. Teve de tudo: sete gols, bola na trave, grandes defesas de Rogério Ceni e Rafael, expulsão. Os 23.791 torcedores que enfrentaram o frio e foram ao Morumbi não esquecerão os 90 minutos tão cedo. O empate seria o mais justo por tudo que os dois times fizeram. Mas o Tricolor, guerreiro e com um homem a menos, conseguiu aos 48 minutos do segundo tempo o gol da vitória por 4 a 3, para acabar com o incômodo jejum de vitórias sobre o rival em 2010 e mostrar que, sob comando de Carpegiani, está vivo na briga por vaga na Libertadores 2011.

Com o triunfo, o terceiro seguido, o Tricolor foi ao nono lugar, com 44 pontos, seis a menos que o Corinthians, que hoje é o último time do G-3. Já o Peixe, que tem 48, permanece na quarta colocação, seis pontos atrás do Cruzeiro e mais distante do sonho da tríplice coroa. As duas equipes voltarão a campo no próximo domingo. O Santos receberá a visita do lanterna Grêmio Prudente. O São Paulo irá até Fortaleza para encarar o Ceará.

Cinco gols em 20 minutos

Os minutos iniciais do primeiro tempo no Morumbi lembraram o futebol dos anos 60, quando os times preocupavam-se apenas em atacar. No São Paulo, Carpegiani entrou com os quatro homens ofensivos (Lucas, Fernandinho, Dagoberto e Ricardo Oliveira). Os três primeiros foram posicionados em linha, um aberto pela direita, outro pelo meio e o terceiro pela esquerda. O quarto ficava sozinho, um pouco mais à frente. Do lado santista, Marcelo Martelotte não deixou por menos e escalou três atacantes: Alan Patrick, Neymar e Zé Eduardo. E, logo que Sandro Meira Ricci apitou o início, começou o espetáculo.

Com três minutos, o Peixe abriu o marcador. Neymar, em bela jogada pela esquerda, lançou Zé Eduardo. O atacante invadiu a área e bateu cruzado. Rogério Ceni falhou e rebateu para o meio, nos pés de Alan Patrick, que só empurrou para a rede. A resposta tricolor foi imediata. Três minutos depois, após cobrança de escanteio pela esquerda, a bola sobrou na direita para Miranda, que fintou Danilo e cruzou para Ricardo Oliveira, que, de cabeça, ajeitou para Dagoberto empatar.

O jogo era alucinante. O São Paulo, quando tinha a bola, movimentava suas quatro peças ofensivas e levava a defesa do Peixe ao desespero. Só que os homens de frente não voltavam para compor a marcação como Carpegiani pedia. Com isso, havia um buraco entre os dois volantes (Rodrigo Souto e Carlinhos Paraíba) e o ataque. Nesse espaço, o meio-campo santista chegava fácil até a entrada da área tricolor.

Os torcedores mal tinham tempo para respirar, tamanha a volúpia das equipes. Aos 13 minutos, Zé Eduardo cabeceou no ângulo esquerdo de Rogério Ceni, que voou e mandou para escanteio. No ataque seguinte, o São Paulo desempatou. Fernandinho foi lançado por Richarlyson pela esquerda, avançou, tocou para Ricardo Oliveira, recebeu na frente, foi ao fundo e devolveu para o camisa 99, que, de pé esquerdo, cruzou na medida para Dagoberto balançar novamente a rede.

O Peixe ainda se recuperava do segundo golpe quando levou o terceiro, aos 19. Dagoberto foi lançado pela esquerda, cortou a marcação, invadiu a área, e Pará, na tentativa de desarmar o camisa 25, chutou para o próprio gol. Delírio no Morumbi, e 3a 1 no marcador.

Santos reage e encurrala o Tricolor

Mas o Santos estava longe de estar batido. Logo na saída de bola, Pará recuperou-se do gol contra, foi ao ataque, driblou Alex Silva como quis e cruzou na medida para Zé Eduardo empurrar para as redes: 3 a 2.

O tempo passava e a velocidade não diminuía. O Santos, mais equilibrado em campo, cresceu e foi com tudo em busca do empate. O desequilíbrio no meio-campo são-paulino permanecia, e os homens de frente do Peixe tinham o apoio constante de Arouca e Danilo. Aos 31, Durval cobrou falta da entrada da área, e Rogério Ceni fez um milagre para evitar o gol. O São Paulo perdeu a velocidade que tinha no contra-ataque.

O gol do Peixe parecia iminente. Neymar infernizava a vida de Jean pela direita, e Rodrigo Souto e Carlinhos Paraíba lutavam com três ou quatro adversários que chegavam pelo meio. Alex Silva e Miranda, em alguns lances, ficaram no mano a mano, mas conseguiram evitar o pior. Aos 45, o empate santista só não aconteceu porque Rogério Ceni, em mais uma grande defesa, evitou gol de Durval, após cruzamento da direita.

Carpegiani muda esquema e Tricolor fica com homem a menos

Percebendo que seu time tinha sérios problemas na marcação, Paulo César Carpegiani mexeu no intervalo. Sacou Lucas e colocou Renato Silva, que entrou para ficar fixo na lateral direita apenas para marcar Neymar. Jean passou a jogar como volante para ajudar Carlinhos Paraíba e Rodrigo Souto. Mesmo sem o ritmo alucinante da primeira etapa, os dois times seguiram buscando o ataque. Mas a alteração feita pelo técnico do Tricolor deixou o time mais equilibrado em campo.

Mas Richarlyson, aos 13, estragou tudo o que o treinador havia planejado ao acertar Zé Eduardo na lateral e ser expulso. Imediatamente, Marcelo Martelotte sacou o volante Roberto Brum e colocou o meia Felipe Anderson para dar mais força ofensiva ao seu time. E o Peixe rapidamente encurralou o São Paulo em seu campo. Fernandinho foi recuado para a lateral esquerda. Para dar mais força no apoio por esse setor, Maranhão entrou na vaga de Pará. Carpegiani respondeu com a entrada do lateral-esquerdo Diogo na vaga de Fernandinho.

Com um homem a mais, o Peixe chegou ao empate aos 26, em pênalti discutível de Alex Silva em cima de Neymar. Na cobrança, o atacante colocou no ângulo esquerdo de Rogério Ceni. O São Paulo respondeu logo depois, em lance em que Jean, sozinho na área e cara a cara com Rafael, chutou por cima do gol, perdendo um gol inacreditável.

Como o São Paulo precisava da vitória, Carpegiani tentou sua última cartada com a entrada de Marlos no lugar de Dagoberto. E o time teve uma nova chance para matar a partida. Aos 37, Jean perdeu outra chance. Sozinho diante de Rafael novamente, ele bateu no canto esquerdo do goleiro santista, que desviou com a mão direita e viu a bola bater na sua trave esquerda antes de a zaga do Peixe afastar.

A emoção seguiu até o fim. O Peixe teve uma chance de ouro com Danilo, que recebeu na área e bateu no ângulo de Rogério Ceni. O goleiro voou e mandou para escanteio.

No último lance da partida, Marlos desceu pela direita e cruzou na medida para Ricardo Oliveira, que testou firme, no canto esquerdo de Rafael, que espalmou. Na sobra, Jean desta vez não bobeou e empurrou para a rede para garantir a incrível vitória do São Paulo.

Fonte desta matéria: Globoesporte.com

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